Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
domingo, 28 de novembro de 2010
Sou eu
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O contrapasso
domingo, 24 de outubro de 2010
O que vamos fazer hoje?
De repente acordei de um sonho em que tudo era negro e que perante as adversidades, o papel que me cabia a mim não era mais do que muitos outros papéis que não se destacam no rol da vida…
Senti que poderia dar às lágrimas e à tristeza uma ênfase de tal modo assoberbada que nada nem ninguém, em tempo algum, poderia demover-me deste estado… Engrandeci os problemas à escala mil e à escala mil decidi que deveria pensar neles milimetricamente…
Senti por momentos um daqueles sufocos em que não se consegue respirar, não se consegue sentir e muito menos racionalizar…. Desenhei uma alma num corpo enorme e senti-me pequenina, à escala de um lego…
Acordei e ainda muito adormecida deixei os meus sentidos numa gaveta, peguei no corpo e no pouco espírito que ainda restava e levei-o a inúmeros sítios. Não me recordo de nenhum deles, vi e falei com pessoas que me contaram histórias, não me lembro dos seus rostos, nem relembro as suas histórias…
Era como se a cada segundo vivido uma borracha apagasse quem por lá esteve e o que lá se contou.
O passado tornou-se obsoleto, o presente tornou-se a memória de um pesadelo, repleto de angústia, mágoa e ressentimento. Meu corpo estava imóvel, intacto e apático, minha alma não respirava nem dormia há dias, estava por assim dizer em estado vegetativo.
Não havia dia que passasse em que pensasse em alguém que não eu. Estava gelada, já não sentia os batimentos do meu coração, não distinguia o frio do calor e por conseguinte não me mexia. Sentia os meus pés atados ao chão num buraco de mil metros e ainda assim não queria nem chamar nem ouvir ninguém. Estava surda, perante os problemas e surda para com o meu pensamento…
Esqueci-me de pensar. Já não mais vivia e numa tentativa frustrada de reparação dos danos causados tentei acordar... Em vão…
De tal modo que, perante a penúria da minha alma acreditei piamente que era infeliz, inconstante e que era sina minha, esta de viver num mundo paranormal que por mais irracional que parecesse atraía meu o corpo, o meu sangue o meu folêgo e minha alma numa sede de respostas, de confirmações, numa espécie de consolidação do que seria a minha razão….
Foi aí que te vi e senti desmoronar tudo aquilo em que acreditava, num instante em que uma imagem vale mais do que mil palavras acordei para a razão. Desentorpeci o meu egoísmo e verifiquei que não foi necessária uma única palavra para perceber que me tinha deixado levar por um caminho que longe estava de ser o mais feliz…
Chorei a teu lado o meu egoísmo e acordei a minha alma… Despolui-me de ingratidão e de desobediência ao meu conceito de justiça.
Nessa altura senti que estava rodeada de pessoas como tu… Belas em espírito, enormes na alma… Creio que me cruzei com elas todos os dias, mais do que uma vez. Na realidade cheguei à conclusão de que nunca as quis ver, mais do que isso, não olhei para elas, não lhes vi a aura nem lhes dei a devida atenção… Não reconheci que o meu semblante perto delas era pesado, atroz e assustador…
Não sei se a vida tem vários caminhos ou se somos nós que nos deixamos encaminhar… Talvez seja um pouco dos dois… Felizmente acordei e percebi que estava a sofrer…
Nesse momento agradeci por ter tido a sorte de encontrar alguém como tu na minha vida.
P.s: Foto publicada no site http://olhares.aeiou.pt/ da autoria de Jorge Alfarsegunda-feira, 20 de setembro de 2010
Mil e um
A verdade é que por momentos larguei as ideologias inflexíveis e limitei o meu comportamento, custa muito quando teimamos em calçar uns sapatos que não são os nossos e custa muito contornar as exigências do presente e os receios do futuro.
Não sei se esta minha exigência inflexível nos modos será a mais correcta, a única certeza que tenho é que me retirou por completo o sentido prático da vida… Viver sem sentidos já é suficientemente doloroso …
Nunca tive por ambição flutuar ao sabor das opiniões dos outros, nunca foi algo com que me identificasse, de todo, mas não sendo esta a minha opção de vida devo confessar que, independentemente do modo como se pensa e opina, como se é e como se sente, a verdade é que a busca que cada um faz em prol de si próprio é a mesma, o que se transfigura não é a vontade nem o tempo que falta, mas sim algumas diferenças de opinião…
O que difere é a maneira como queremos viver a vida e o que queremos deixar de legado em função disso mesmo…
A solidão, por vezes, tende toldar-nos o pensamento, a amolecer-nos as rotinas e a convicção de que ao termos tudo balizado ao pormenor poderemos ser verdadeiramente felizes… Errada e ingrata esta ideia, é importante olhar para outras pessoas e outros mundos, que não os nossos…
Já ousei criticar as pessoas idóneas que ao contrário de mim tentam viver a vida ao sabor não do vento, mas de qualquer coisa… Uma vontade, uma convicção, um gosto pelo incerto, um apego ao prazer ou uma outra qualquer infinidade de motes que nos encaminham para um lado, um qualquer lado, que por incrível que pareça, até nos faz felizes, até nos traz realização e até nos reconforta a alma…
Não há alma que consiga apenas subsistir…
Tenho tentado à força esquecer os desígnios, tenho tentado fechá-los a sete chaves e tenho tentado acreditar que não penso neles, mas na realidade não há felicidade que resista ao medo ou à negação de que algo bom ou mau nos espera e nos quer ensinar que não há alma sana sem a verdadeira aceitação da vida e dos conceitos que fazem dela uma belíssima pintura...
Há inúmeras conquistas, mas há uma que é, sem sombra de dúvida, a mais difícil, aquela em que, somos obrigados a aceitar por nós próprios e pelo que incessantemente desejamos, que na vida há uma batalha a travar, aquela que provavelmente nos fará felizes.
Há quem lhe chame o reencontro. O reencontro com o que somos intimamente não aos 15, nem aos 20, não aos 60, nem aos 90, mas sim com aquilo que sempre fomos e que disfarçadamente fingimos não conhecer, fingimos não aceitar.
A luta pelo amor em todas as vertentes, a valorização das pessoas e a repercussão dessa mesma valorização na nossa vida. A alegria que isso nos transmite e o bom que é saber viver com as pessoas na amizade e na inimizade, quando aprendemos que também é bom perdoar e e por consequência sentir que algum dia iremos merecer e ter legitimidade, também nós, para sermos perdoados…
Saber viver é saber dizer sim não uma vez, nem duas, mas sim muitas, dizer mais vezes sim do que não, dizer mais vezes acertar é humano…
Saber questionar até que ponto somos modelos de existência, saber compreender e respeitar os outros e os seus próprios modelos. Saber estender uma mão em vez de atirar uma pedra e mesmo assim tirar proveito disso, aproveitando as pedras para outras construções, mais dignas e mais justas.
Cheguei à conclusão que vale sempre a pena lutar por aquilo em verdadeiramente se acredita seja de que forma for e faço, uma vez mais, a banalíssima constatação de que urge ser e estar no sentido literal.
P.s. Foto publicada em
sábado, 28 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Ah se pode… Se os atestados de insanidade se pagassem provavelmente a compra destes seria muito mais contida e certamente muito mais ponderada... É que isto de ser preconceituoso ainda não se paga e também não se aceitam retomas... Ainda assim estou ciente de que ainda não me deixei comprometer, ainda não deixei de me comover, ainda não deixei de me preocupar, ainda não deixei de fazer auto-criticas, auto-avaliações, continuo a medir o meu egoísmo, a racionalizar conceitos e a relativizar problemas...Não me lembro ainda de ter sequer deixado de respirar… Não… Não mesmo! Ando anestesiada, entorpecida pelos sentidos, talvez mas, morta não… Preocupo-me em saber se efectivamente me desmazelei na crença ou se por outro lado fizeram questão de tomar essa decisão por mim... Não me lembro também de algum dia ter permitido sequer a quem ousasse fazer tal... Incoerências estas que apenas me acordam do entorpecimento que é viver em monólogos silenciosos... Quero acreditar que um dia destes não irei necessitar de andar com uma tabuleta na testa para me fazer entender. Portanto que fique bem claro que enquanto viver não permito, nem admito, que me passem uma certidão de óbito. Tenho dito!
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
sábado, 24 de julho de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
sábado, 3 de julho de 2010
quarta-feira, 30 de junho de 2010
É isso mesmo!
Sem dúvida que me perdi no tempo e pelo tempo e nem dei passar pelas pessoas, fiquei na página 1 do livro 1º da vida a tentar dissuadir más ideias, más virtudes, numa definição utópica de vida, num daqueles impasses em que estou a um minuto de tomar uma atitude, só que com a diferença de que a preocupação não é contudo inerente a uma decisão, mas sim a uma infinidade de muitas outras que se seguirão a esta…
Sim… Estou a pensar em cada uma como se de um filho se tratasse… A educação é um dos primeiros passos para uma construção sólida, mais importante do que isso, credível…
Será que com isto me compreendes? A confiança com que acredito que me compreendes é a mesma com que me sinto motivada a tentar.
Ah sim! Quero! Quero muito!
Sempre que penso nisto comparo esta busca incessante à simples condução, se se vai atrás, o mais certo, é não se saber, e muitas vezes nem se reparar, se há perigo à frente ou não, se está céu limpo ou nublado, se as condições são adversas, ou não, se há tempo, ou não, para reagir a um pequeno solavanco ou à perigosíssima possibilidade de um despiste, não se medem nem riscos nem consequências...Quem segue atrás não sente, dificilmente vê, raramente reage e não pondera, por assim dizer, qual o seu grau de interveniência face a uma destas circunstâncias.
É ela mesma uma viagem cujo participante tem sempre a oportunidade de decidir se toma as rédeas ou se apenas se limita a usufruir da mesma…
Sabes tão bem como eu que em tempos de crise meio mundo conduz enquanto outro meio mundo se deixa conduzir.
Am I right?
sábado, 26 de junho de 2010
Fala-me ao ouvido e conta-me como correu o teu dia, não há nada mais animador do que saber como estás... Sentir-te perto de mim, ainda que só por momentos... Não há motivo maior para sorrir do que esse... hoje e só por hoje façamos um brinde a ti, a mim, a nós, a tudo aquilo que se proporcionou... Sentir que pude dar forma e trabalhar o meu coração foi uma das maiores, senão a única benesse da minha vida e se a ti se deveu então celebremos ao amor... Nunca percebi muito bem a minha posição perante os outros e perante ti até te ter encontrado, foi graças a ti que tive a feliz oportunidade de me ultrapassar, foi graças a ti que contornei a maior parte dos obstáculos e ainda hoje te agradeço a toda a hora quando te sinto através de uma brisa do mar, de uma palavra, de um perfume, ou até mesmo através de um simbólico gesto... Permite-me hoje a honra desta dança, aquela que nunca tivemos oportunidade de dançar e eu hoje prometo ao ouvido te sussurar os mais belos designios do amor... Ajuda-me a fazer a nossa lista de tarefas, aquelas mesmas tarefas, que queremos imenso fazer juntos... e diz-me, diz-me tudo o que sentes e eu estarei aqui para te ouvir e para te compreender... Ajuda-me a compreender-te e aprendamos a amadurecer juntos como os casais que vivem mais de meio século juntos.... Eu prometo estender-te sempre a mão quando estiveres só, cansado, doente, triste, chateado... Quero muito poder hoje caminhar à chuva contigo será sinal de que alguém estará também a celebrar o nosso amor... Não me deixes nos intermitentes e eu prometo nunca te deixar para trás... Senta-te ao meu lado matemos a solidão, esta que me sufoca a alma sempre e quando não estás presente... E eu prometo sempre sorrir-te quando estiveres triste... Falta-me com palavras e eu prometo nunca te faltar com afectos.... Dialoguemos hoje até amanhã e faremos deste diálogo o maior das nossas vidas... Alegra o meu coração e eu prometo que te alegrarei todos os dias da nossa vida... Ajuda-me a fazer desta utopia a maior verdade de todas e eu prometo fazer contigo todos os dias um verdadeiro elogio ao amor!
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Hoje, foi um dia como muitos outros, o céu cinzento ameaçava um temporal, mas ele ainda assim ergueu-se.
As pernas trémulas retratavam o mapa geográfico de todas as ruas percorridas ao longo de toda a sua vida… As mãos bonitas, a modos que como alguém disse, um pouco sacerdotais, a aliança a mesma aquela que nunca tirou desde que a sua querida esposa faleceu.
A serenidade é a mesma desde os tempos em que pela primeira vez o vi, o olhar fechado pela visão turva que teima em ficar, a memória única, a sabedoria, a de sempre…
A vida, desde novo ensinou-lhe que para se vencer seria vital lutar…
Nasceu numa freguesia algures na Santa Maria da Feira, terra onde as pessoas pegavam em cadeiras e juntavam-se em tertúlias pela noite dentro, alturas em que o tempo não apagou as vivências que a memória teima em recordar…
Era ainda pequeno quando perdeu a mãe, ficou com três irmãos todos mais novos, era de sangue nobre, filho de um regedor importante na terra, regedor esse que não assumiu o filho por este ser fruto de uma relação extra-conjugal…
Cresceu livre em espírito e nobre em seus ideais, começou a trabalhar numa serralharia como um simples operário até se tornar encarregado de produção, o caminho era sempre feito da mesma forma, os tempos já lá vão, tempos em que o carro era um luxo e a bicicleta era um bem necessário para percorrer mais de 30 km por dia.
Encontrou aos 20 anos a mulher com quem iria estar casado mais de 70 anos, relação edificada com muito esforço e sacrifício. Educou 5 filhos, 3 meninos e 2 meninas, viu crescer netos, bisnetos, viu tristeza alegria, viu desalento, mas nunca desistiu, tem e teve sempre um humor incontornável…
Estendia a mão com a mesma facilidade com que dizia olá…
Homem extremamente social tinha o dom nato de tocar cavaquinho como ninguém, foi condecorado, pertenceu a uma banda musical, pertenceu a um rancho folclórico e ergueu um coreto.
Confessou-me há pouco tempo que para agarrar a mulher que amava casou com a mesma já grávida de 3 meses…
Demorei 23 anos a saber que, apesar de rígido em valores e ideologias, intransigente na educação, gostava de fumar uns cigarrinhos às escondidas, cigarros esses, que comprava avulso. Fumava sempre à saída do trabalho, para que a mulher e os filhos não soubessem, acabou por me confessar que perdeu o vício à custa de uma aposta… À custa de ser um eterno escravo da palavra…
Sim, incutiu-me desde pequena que, para sermos grandes, devemos ser cumpridores da nossa palavra, devemos ser firmes nos ideais e aventureiros nas conquistas…
Tem hoje 92 anos e no rosto as histórias de toda uma vida, a alegria, de longe que, já não é a mesma e as poucas palavras que tardam em chegar reflectem uma solidão imensa…
Hoje, foi um dia como muitos outros, o céu estava cinzento e a noticia não tardava em chegar... O meu querido avô está cansado de lutar…
E eu…. Ah eu…. Sinto-me vazia, oca, distante e impotente…
E hoje, foi um dia como muitos outros, hoje urge pensar!
P.s. Foto publicada em www.olhares.aeiou.pt da autoria de Germina.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Desassossego,
É do que se trata... Elas sentem-se soltas, alienadas e perdidas (as palavras)... Anseiam a reconciliação...
É deveras surpreendente o poder que elas exercem...
Reforçam-me as ideias e no seu todo exigem exteriorização...
Não sou nada sem elas... As palavras reflectem todas as minhas ideias, mesmo nos dias em que consigo ser uma eterna escrava do pensamento.
Dizem os entendidos que as pessoas exigentes são assim.
Dizem os mesmos que não há pior do que viver a vida ao sabor do vento... Sem réguas, sem medidas, sem aproximações ou afastamentos, ainda que utópicos, do que é realmente importante...
Viver sem cautelas, sem reservas, sem exigências inerentes, face ao que sou e penso, é algo demasiado transcendente para suportar passivamente ...
Lutas a ter, talvez batalhas a travar... É disso do que se trata mas, até lá...~
Não sei...
Sei que é óptimo estar de volta!
And thats all that matters....
P.s: Foto publicada no site http://olhares.aeiou.pt da autoria de Alexander Kharlamov