terça-feira, 17 de agosto de 2010






Num daqueles dias bem monótonos receio afirmar que no meio de tanta ausência de poder opinativo me esqueci de dizer a alguém que eu ainda penso e que eu ainda sinto… E que eu sou mais do que um corpo e muito mais do que meia dúzia de palavras, esqueci-me de contar que nesta história que é a minha eu ainda luto, ainda que por vezes em piloto automático… Esqueci-me de me fazer sentir e de me dar à existência… Mas eu ainda vivo… E faço questão de mostrá-lo, ainda que com mais ou menos vontade e convicção... Se de modos falássemos hoje eu seria capaz de refutar a teoria de que a diplomacia deveria estar presente em cada um dos lados do nosso coração, o lado que pensa e o que por sua vez exterioriza... É que de diplomacias utópicas está o pseudo-carácter de muitas pessoas cheio... Pseudo porque raramente, ou quase nunca, atravessa a fronteira da teoria para a acção propriamente dita.
Estranha sentença esta que todas, ou quase todas as pessoas (as outras) têm de limitar-me as capacidades e limitar-me o juízo, justificando isso apenas e só pelo silêncio inerente à minha pessoa e o silêncio às vezes mas, só mesmo às vezes, pode ser bem comprometedor.
Ah se pode… Se os atestados de insanidade se pagassem provavelmente a compra destes seria muito mais contida e certamente muito mais ponderada... É que isto de ser preconceituoso ainda não se paga e também não se aceitam retomas... Ainda assim estou ciente de que ainda não me deixei comprometer, ainda não deixei de me comover, ainda não deixei de me preocupar, ainda não deixei de fazer auto-criticas, auto-avaliações, continuo a medir o meu egoísmo, a racionalizar conceitos e a relativizar problemas...Não me lembro ainda de ter sequer deixado de respirar… Não… Não mesmo! Ando anestesiada, entorpecida pelos sentidos, talvez mas, morta não… Preocupo-me em saber se efectivamente me desmazelei na crença ou se por outro lado fizeram questão de tomar essa decisão por mim... Não me lembro também de algum dia ter permitido sequer a quem ousasse fazer tal... Incoerências estas que apenas me acordam do entorpecimento que é viver em monólogos silenciosos... Quero acreditar que um dia destes não irei necessitar de andar com uma tabuleta na testa para me fazer entender. Portanto que fique bem claro que enquanto viver não permito, nem admito, que me passem uma certidão de óbito. Tenho dito!


P.s.: Foto publicada no site http://olhares.aeiou.pt/ da autoria de Alexandre Grand

Um comentário:

Anônimo disse...

como te compreendo!
não morreste, não adormeceste, não hibernaste, apenas te recolhes no conforto do teu pensamento e na tua auto-reflexão!
isso faz parte da vida, para avançares nela, precisas de te conhecer bem a ti própria, conhecer os teus limites, convicções, vontades e sonhos.

Eu digo-te um, escrever um livro!

Ousado, não é?!

Mas só quem jogo no totoloto é que pode ganhar!

Não interessa o que pensas fazer ou que pensas que não consegues fazer, o que interessa é fazer! beijinhos, continua!