quarta-feira, 30 de junho de 2010





Se te perguntar hoje qual a maior preocupação da tua vida que me responderias? Estou em crer que será a concretização de determinados objectivos em prol da felicidade, mas se tirássemos uns momentos apenas para divagar sobre conteúdos que me responderias?

Falemos de nós! Falemos de todos!

Sinto-me tentada a afirmar que em conversas paralelas, com discussões, sempre ou quase sempre acérrimas mais demarcadas pelo calor da conversa do que pelo que é verdadeiramente importante, não é de conteúdos que se fala, fala-se de pessoas, de razões, da típica tentativa frustrada do vejamos quem fica por cima e fala-se pouco, mas muito pouco com conteúdo…

Temo ter ficado para trás no tempo, como que perdida numa qualquer página de um livro de Kant, uma daquelas em que o que se determina não é o tempo nem as pessoas, mas sim atitudes, vivências, posturas de vida face a comportamentos que deveriam ser morais, ainda que muito alicerçados em utopias…

É isso mesmo!

Sem dúvida que me perdi no tempo e pelo tempo e nem dei passar pelas pessoas, fiquei na página 1 do livro 1º da vida a tentar dissuadir más ideias, más virtudes, numa definição utópica de vida, num daqueles impasses em que estou a um minuto de tomar uma atitude, só que com a diferença de que a preocupação não é contudo inerente a uma decisão, mas sim a uma infinidade de muitas outras que se seguirão a esta…

Sim… Estou a pensar em cada uma como se de um filho se tratasse… A educação é um dos primeiros passos para uma construção sólida, mais importante do que isso, credível…

Será que com isto me compreendes? A confiança com que acredito que me compreendes é a mesma com que me sinto motivada a tentar.

Quero debruçar-me sobre os assuntos que fazem parte integrante da minha vida, mais do que isso esmiuçá-los até ao último grão… Vivê-los, senti-los e praticá-los, afincadamente, como se eu própria pudesse ser a única interveniente da minha própria viagem, conduzindo e sendo conduzida ao mesmo tempo

Ah sim! Quero! Quero muito!

Ter prazer na condução… É disso mesmo que se trata!

Sempre que penso nisto comparo esta busca incessante à simples condução, se se vai atrás, o mais certo, é não se saber, e muitas vezes nem se reparar, se há perigo à frente ou não, se está céu limpo ou nublado, se as condições são adversas, ou não, se há tempo, ou não, para reagir a um pequeno solavanco ou à perigosíssima possibilidade de um despiste, não se medem nem riscos nem consequências...Quem segue atrás não sente, dificilmente vê, raramente reage e não pondera, por assim dizer, qual o seu grau de interveniência face a uma destas circunstâncias.

E a vida não espera!

(Nem faço questão de a fazer esperar!)

É ela mesma uma viagem cujo participante tem sempre a oportunidade de decidir se toma as rédeas ou se apenas se limita a usufruir da mesma…

Sabes tão bem como eu que em tempos de crise meio mundo conduz enquanto outro meio mundo se deixa conduzir.

Am I right?

Perpetuemos os dois, numa jura bem silenciosa, a intenção e o desejo de continuar a lutar e a tomar as rédeas do nosso próprio barco em direcção a um caminho mais sentido, mais ponderado e por consequência muito mais comedido.

As long as I live let it be… Let me be!
P.s. Foto publicada no site www.olhares.aeiou.com da autoria de Jorge Alfar

sábado, 26 de junho de 2010





Deixa-me sentir-te hoje, faremos aquela viagem, a das nossas vidas, aquela mesma em que tu me conduzes a ti e me mostras o caminho, me guias, me escutas e me ouves, aquela em que partilhamos a mesma música o mesmo ar e as mesmas lágrimas.... Esqueçamos só por hoje os actos irreflectidos e os "ses" das nossas vidas, se me deres a mão eu prometo não te largar...
Fala-me ao ouvido e conta-me como correu o teu dia, não há nada mais animador do que saber como estás... Sentir-te perto de mim, ainda que só por momentos... Não há motivo maior para sorrir do que esse... hoje e só por hoje façamos um brinde a ti, a mim, a nós, a tudo aquilo que se proporcionou... Sentir que pude dar forma e trabalhar o meu coração foi uma das maiores, senão a única benesse da minha vida e se a ti se deveu então celebremos ao amor... Nunca percebi muito bem a minha posição perante os outros e perante ti até te ter encontrado, foi graças a ti que tive a feliz oportunidade de me ultrapassar, foi graças a ti que contornei a maior parte dos obstáculos e ainda hoje te agradeço a toda a hora quando te sinto através de uma brisa do mar, de uma palavra, de um perfume, ou até mesmo através de um simbólico gesto... Permite-me hoje a honra desta dança, aquela que nunca tivemos oportunidade de dançar e eu hoje prometo ao ouvido te sussurar os mais belos designios do amor... Ajuda-me a fazer a nossa lista de tarefas, aquelas mesmas tarefas, que queremos imenso fazer juntos... e diz-me, diz-me tudo o que sentes e eu estarei aqui para te ouvir e para te compreender... Ajuda-me a compreender-te e aprendamos a amadurecer juntos como os casais que vivem mais de meio século juntos.... Eu prometo estender-te sempre a mão quando estiveres só, cansado, doente, triste, chateado... Quero muito poder hoje caminhar à chuva contigo será sinal de que alguém estará também a celebrar o nosso amor... Não me deixes nos intermitentes e eu prometo nunca te deixar para trás... Senta-te ao meu lado matemos a solidão, esta que me sufoca a alma sempre e quando não estás presente... E eu prometo sempre sorrir-te quando estiveres triste... Falta-me com palavras e eu prometo nunca te faltar com afectos.... Dialoguemos hoje até amanhã e faremos deste diálogo o maior das nossas vidas... Alegra o meu coração e eu prometo que te alegrarei todos os dias da nossa vida... Ajuda-me a fazer desta utopia a maior verdade de todas e eu prometo fazer contigo todos os dias um verdadeiro elogio ao amor!



Foto publicada no site http://www.olhares.aeiou.com/ da autoria de Carlos L.

quinta-feira, 10 de junho de 2010



Hoje, foi um dia como muitos outros, o céu cinzento ameaçava um temporal, mas ele ainda assim ergueu-se.

As pernas trémulas retratavam o mapa geográfico de todas as ruas percorridas ao longo de toda a sua vida… As mãos bonitas, a modos que como alguém disse, um pouco sacerdotais, a aliança a mesma aquela que nunca tirou desde que a sua querida esposa faleceu.
A serenidade é a mesma desde os tempos em que pela primeira vez o vi, o olhar fechado pela visão turva que teima em ficar, a memória única, a sabedoria, a de sempre…

A vida, desde novo ensinou-lhe que para se vencer seria vital lutar…

Nasceu numa freguesia algures na Santa Maria da Feira, terra onde as pessoas pegavam em cadeiras e juntavam-se em tertúlias pela noite dentro, alturas em que o tempo não apagou as vivências que a memória teima em recordar…

Era ainda pequeno quando perdeu a mãe, ficou com três irmãos todos mais novos, era de sangue nobre, filho de um regedor importante na terra, regedor esse que não assumiu o filho por este ser fruto de uma relação extra-conjugal…

Cresceu livre em espírito e nobre em seus ideais, começou a trabalhar numa serralharia como um simples operário até se tornar encarregado de produção, o caminho era sempre feito da mesma forma, os tempos já lá vão, tempos em que o carro era um luxo e a bicicleta era um bem necessário para percorrer mais de 30 km por dia.

Encontrou aos 20 anos a mulher com quem iria estar casado mais de 70 anos, relação edificada com muito esforço e sacrifício. Educou 5 filhos, 3 meninos e 2 meninas, viu crescer netos, bisnetos, viu tristeza alegria, viu desalento, mas nunca desistiu, tem e teve sempre um humor incontornável…

Estendia a mão com a mesma facilidade com que dizia olá…

Homem extremamente social tinha o dom nato de tocar cavaquinho como ninguém, foi condecorado, pertenceu a uma banda musical, pertenceu a um rancho folclórico e ergueu um coreto.

Confessou-me há pouco tempo que para agarrar a mulher que amava casou com a mesma já grávida de 3 meses…

Demorei 23 anos a saber que, apesar de rígido em valores e ideologias, intransigente na educação, gostava de fumar uns cigarrinhos às escondidas, cigarros esses, que comprava avulso. Fumava sempre à saída do trabalho, para que a mulher e os filhos não soubessem, acabou por me confessar que perdeu o vício à custa de uma aposta… À custa de ser um eterno escravo da palavra…

Sim, incutiu-me desde pequena que, para sermos grandes, devemos ser cumpridores da nossa palavra, devemos ser firmes nos ideais e aventureiros nas conquistas…
Tem hoje 92 anos e no rosto as histórias de toda uma vida, a alegria, de longe que, já não é a mesma e as poucas palavras que tardam em chegar reflectem uma solidão imensa…


Hoje, foi um dia como muitos outros, o céu estava cinzento e a noticia não tardava em chegar... O meu querido avô está cansado de lutar…

E eu…. Ah eu…. Sinto-me vazia, oca, distante e impotente…

E hoje, foi um dia como muitos outros, hoje urge pensar!


P.s. Foto publicada em www.olhares.aeiou.pt da autoria de Germina.

quinta-feira, 3 de junho de 2010



Desassossego,


É do que se trata... Elas sentem-se soltas, alienadas e perdidas (as palavras)... Anseiam a reconciliação...

É deveras surpreendente o poder que elas exercem...


Reforçam-me as ideias e no seu todo exigem exteriorização...


Não sou nada sem elas... As palavras reflectem todas as minhas ideias, mesmo nos dias em que consigo ser uma eterna escrava do pensamento.


Dizem os entendidos que as pessoas exigentes são assim.


Dizem os mesmos que não há pior do que viver a vida ao sabor do vento... Sem réguas, sem medidas, sem aproximações ou afastamentos, ainda que utópicos, do que é realmente importante...


Viver sem cautelas, sem reservas, sem exigências inerentes, face ao que sou e penso, é algo demasiado transcendente para suportar passivamente ...

Lutas a ter, talvez batalhas a travar... É disso do que se trata mas, até lá...~


Não sei...

Sei que é óptimo estar de volta!
And thats all that matters....





P.s: Foto publicada no site http://olhares.aeiou.pt da autoria de Alexander Kharlamov